segunda-feira, 4 de junho de 2012

EUMELO (310 – 304 a.C.)

Eumelo foi um rei que governou o Bósforo de 310 a 304 a.C. Ele era o filho caçula do rei Perisades I. Ele reinou durante cinco anos e cinco meses depois de se livrar de seu dois irmãos mais velhos, Sátiro II e Pritanis. Quando da morte de Perisades em 311, seu filho primogênito, Sátiro II, assumiu o comando do Bósforo. Porém, Eumelo faz um aliança com Arifarnes, rei dos sicares, e tentou tomar o trono de seu irmão. Eumelo e seus aliados são derrotados na Batalha do Rio Thames e se refugiam na cidade de Arifarnes. Ao sitiar a cidade, Sátiro II é mortalmente ferido. Seu corpo é levado a Panticapeu, a capital bosforana, onde Pritanis prepara-lhe as exéquias reais e de onde parte para enfrentar Eumelo, próximo a cidade de Gazara. Eumelo tenta negociar com Pritanis governar parte do reino, mas esse lhe recusar qualquer coisa. Entendendo estar em vantagem, Pritanis deixa uma guarnição em Gazara e volta a Panticapeu para se consolidar como o novo rei.
Representação moderna, em Kerch, de um grifo, ser mitológico
 que era símbolo de Panticapeu, a antiga capital bosforana
Eumelo, apoiado pelos bárbaros, toma Gargaza e várias outras cidades e praças ao redor. Pritanis marcha ao encontro de seu irmão, mas derrotado na batalha, fica retido em um istmo próximo ao Lago Meótida (o atual Mar de Azov) e é forçado a se render. Sob os termos da rendição, Pritanis libera o seu exército e renuncia ao trono. No entanto, de volta a Panticapeu faz outra tentativa de recuperar o poder, mas derrotado, fugiu para a cidade de Cepos (Kepoi, “os Jardins”), na península de Taman, onde é assassinado. Querendo após a morte de seus dois irmãos um reinado seguro, Eumelo eliminou os amigos de Sátiro II e Pritanis, bem como mulheres e filhos de seus dois irmãos. Somente o jovem Perisades, filho de Sátiro II, escapou do massacre. Ele saiu a cavalo da cidade e conseguiu refugiar-se com Agaro, um rei dos citas. Vendo que o povo de Panticapeu ressentia-se desses assassinatos, Eumelo convocou uma assembleia geral onde ele tentou justificar sua conduta, e anunciou a restauração da velha forma de governo: Ele restaurou a constituição de seus ancestrais e até mesmo concedeu a imunidade de tributação para aqueles que viviam em Panticapeu, como tinham desfrutado sob seus antepassados. Ele prometeu também liberar todos de tributação especial, e discutiu muitas outras medidas com as quais ele buscou o favor do povo. Quando o povo já estava prontamente sendo-lhe benevolente, ele deu prosseguimento a seu reinado, governando de forma constitucional sobre seus súditos e, pela sua excelência, sendo muito admirado.
Bósforo
Vaso de prata com a cena de grifos atacando animais
Eumelo também beneficiou o povo das cidades de Bizâncio e Sinope e a maioria dos outros gregos da região do Ponto Euxino (o atual Mar Negro). Também abrigou cerca de mil habitantes de Callantia (atual Mangalia, Romênia) que haviam sido forçados a abandonar sua cidade por causa da fome quando ela foi sitiada por Lisímaco, rei macedônio da Trácia. Eumelo não só lhes concedeu asilo, mas ele deixou-os viver em uma cidade na região chamada Psoancaëticê. No interesse de quem navegava pelo Ponto Euxino, Eumelo travou uma guerra contra os bárbaros e gregos que praticavam a pirataria, como os henioquianos, os taurianos e os aqueus; ele livrou o mar da atuação dos piratas. Isso não beneficiou apenas a seu reino, mas também a todo o comércio na região do Ponto Euxino, o que fez que o nome de Eumelo fosse louvado por sua nobreza entre as nações.
O Ponto Euxino (Mar Negro) e cidades e reinos adjacentes
Eumelo tomou posse de grande parte da região adjacente habitada pelos bárbaros e fez o seu reino muito mais famoso. Ele dedicou-se a submeter todas as nações ao redor do Ponto Euxino, e possivelmente ele teria realizado o seu propósito, se sua vida não tivesse terminado subitamente. Pois, depois de ter sido rei por cinco anos e cinco meses, ele morreu, sofrendo um acidente muito estranho. Quando estava voltando de Sindikê (a terra dos sindos, povo cita que habitava a península de Taman, lado oriental do Bósforo Cimeriano) para casa ele foi correndo para o sacrifício aos deuses em seu palácio em uma carruagem de quatro cavalos e quatro rodas, coberta por uma tenda. Aconteceu que os cavalos se assustaram e fugiram levando-o com eles. Uma vez que o condutor foi incapaz de controlar as rédeas, o rei, temendo que ele pudesse ser jogado para as ravinas ao longo da estrada, tentou saltar para fora da carruagem, mas sua espada se prendeu numa das rodas e ele foi arrastado pelo movimento do carro e assim morreu.
File:Ionic Gorgippia.jpg
Pedaços de construções da antiga Gorgipia (atual Anata),
cidade de Sindikê contralada pelos bosforanos
Sobre a morte dos irmãos, Eumelo e Sátiro, Diodoro Sículo narra que foram proferidas profecias, um tanto tolas, mas ainda assim aceitas pelos bosforanos. Elas dizem que deus tinha dito a Sátiro (veja-se a postagem própria) para tomar precaução contra o mys (rato) para que esse não lhe causasse sua morte. Por esta razão, ele não permitiu que nem escravo nem homem livre dos que estavam a seu serviço usassem este nome, e ele também temia ratos domésticos e os do campo e estava sempre ordenando seus escravos para matá-los e tampar suas tocas. Mas, embora ele tenha feito todo o possível para afastar sua condenação, ele morreu, atingido no mys (músculo) do braço quando tentava tomar a cidade onde estava Eumelo. No grego a palavra mys é encontrada nos escritos médicos também se referindo a músculo, pois os antigos achavam a forma do músculo parecida com ratos (a palavra portuguesa vem do latim musculus e significa pequeno rato). No caso de Eumelo o aviso era de que ele precavesse contra a casa que está se movendo. Por isso ele nunca entrava em uma casa livremente a menos que seus servos tivessem examinado o telhado e as fundações. Mas quando ele morreu estando antes na tenda que cobria sua carruagem de quatro cavalos, seus conterrâneos entenderam que a profecia tinha se cumprido. 
Eumelo foi sucedido por seu filho Espártoco III.

FONTES:
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Diodorus_Siculus/20B*.html
http://fr.wikipedia.org/wiki/Eum%C3%A9los_du_Bosphore

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