terça-feira, 26 de junho de 2012

DÍNAMIS (47- 14 a.C.)

Dínamis Filorromana (em grego: Δύναμις Φιλορώμαίος, Dynamis Philoromaios, Dínamis, amiga dos romanos) viveu entre 67 e 14 a.C. e foi uma rainha cliente romana do Reino Bosforano durante a fase final da República Romana e o início do governo do primeiro imperador romano César Augusto. Dínamis é um nome grego que significa ''a poderosa". Ela era uma monarca de ascendência iraniana e greco-macedônica. Ela era a filha do rei do Ponto Fárnaces II e sua esposa de origem sármata. Os sármatas eram uma tribo de origem iraniana (assim como os persas) e estavam muito relacionados aos citas. Eles viviam nas estepes do Mar Negro e ao redor do reino do Bósforo. Possivelmente o casamento de Fárnaces com uma princesa sármata visou garantir uma aliança entre os bosforanos e os sármatas.
Athena. Garnet in the gold ring. East Mediterranean. Late 4th — early 3rd century B.C. 3.2 × 2.4 cm. Saint-Petersburg, The State Hermitage Museum.
Anel com a efígie de Atena oriundo de Panticapeu
E um dos frutos dessa aliança foi Dínamis. Ela tinha um irmão chamado Dario e um irmão mais novo chamado Arsaces. Seus avós paternos eram Mitrídates VI Eupátor do Ponto e da sua primeira esposa Laodice. Dínamis nasceu e foi criada no Reino do Ponto e do Reino Bosforano. Provavelmente visando fortalecer seus vínculos com Roma, segundo o historiador romano Apiano (95-165 d.C.), Fárnaces teria oferecido Dínamis em casamento a Júlio César, que rejeitou a proposta. Em 47 a.C, Fárnaces II arranjou o casamento de Dínamis com um aristocrata local de alto nível chamado Asandro. Ele se casou com ela como sua segunda esposa, mas este foi o primeiro casamento Dínamis.
Busto de prata e bronze de c. de 30 d.C. representando
Dínamis, rainha do Bósforo Cimeriano
Em 47 a.C., Asandro revoltara-se contra Fárnaces II, que o nomeara regente do Reino Bosforano, durante a guerra de Fárnaces contra Cneu Domício Calvino, general romano e lugar-tenente de Caio Júlio César, ditador da República Romana. Asandro esperava desertando de Fárnaces II ganhar o favor dos romanos, os quais poderiam ajudá-lo a tornar-se o novo rei do Bósforo Cimeriano e da Cólquida. Fárnaces II foi derrotado pelos romanos e fugiu para o Bósforo. Asandro combateu Fárnaces II e seus partidários até a morte. Assim, Asandro e Dínamis se tornaram os monarcas governantes do Reino Bosforano. Destacam-se as atuações propagandísticas de Dínamis que fez todos os esforços para mostrar o seu desprezo para com os romanos. Em sua busca para manter as tradições iranianas (os reis do Ponto, dos quais Dínamis descendia, eram de origem persa) que estabeleciam certa providência divina aos reis, juntamente com o costume grego de render culto aos heróis, criou uma imagem de sua família afirmando que eles eram apoiados pela Deusa Suprema, que com seu marido divino protegia todo o Universo e, consequentemente, seus súditos mais fiéis, devotos e intrépidos.
3584 Panticapaeum Bosporus Cimmerius AE
Moeda de Panticapeu, capital do Bósforo,
de  63 a 10 a.C. com a efígie do deus Apolo
E assim permaneceram até que Júlio César enviou um pretenso tio paterno de Dínamis, Mitrídates II de Pérgamo, para guerrear contra o Reino Bosforano e reivindicar a realeza para si mesmo. Mitrídates II  havia ajudado César em sua luta no Egito e César agora o compensava com um reino cliente. Asandro e Dínamis foram derrotados por Mitrídates II e foram para o exílio político. Durante seu tempo no exílio, Dínamis e Asandro foram abrigados pela tribo sármata de sua mãe. Após a morte de Júlio César em 44 a.C, o Reino Bosforano foi restaurado para Asandro e Dínamis pelo sobrinho e herdeiro de Júlio César, Otávio (futuro imperador romano Augusto). Dínamis deu a Asandro um filho chamado Aspurgo. Possivelmente Asandro e Dínamis tiveram outros filhos, mas Aspurgo é o único conhecido e relevante historicamente. Por causa de sua restauração por Augusto mudaram-se as disposições antirromanas de Dínamis que inclusive passou a se intitular philoromaios (amiga dos romanos).
Moeda com a efígie de Asandro
De 44 até sua morte em 17 a.C, Asandro e Dínamis governaram como monarcas sobre o Reino Bosforano. Em 17 a.C., um usurpador obscuro chamado Escribônio, pretendendo-se um parente da legítima governante Dínamis, liderou uma rebelião contra Asandro. Esse, quando viu suas tropas abandoná-lo para passar para o lado de Escribônio, entrou em tal desespero que morreu de inanição voluntária. Com Asandro morto, Escribônio casou-se com Dínamis para legitimar-se no poder. Ou Escribônio ganhou Dínamis pela força ou pela persuasão (para evitar mais guerra) para tornar-se sua consorte. Quando o imperador romano Augusto ouviu falar sobre a rebelião que ocorreu no Reino Bosforano, ordenou que o general Marco Agripa Vipsânio interferisse na situação. Temendo uma intervenção drástica das legiões romanas, os bosforanos acabam por assinar a Escribônio. Devido aos conflitos dinásticos anteriores, Dínamis finalmente foi capaz de ganhar o controle de seu reino e sua família continua reinando sobre o reino. Por enquanto. Agripa não pode resolver a situação no Bósforo pessoalmente. Então enviou um rei cliente de Roma, Polemon I, rei do Ponto, o qual pretendeu incorporar o reino do Bósforo ao reino do Ponto como antes.
3752 Phanagoria Bosporus Cimmerius AE
Moeda datada de 63-10 a.C. proveniente de Fanagória, capital oriental do Bósforo Cimeriano
Dínamis, a fim de preservar a proteger o Reino Bosforano e proteger sua soberania e o futuro de seu filho, acabou se casando com Polemon I. Este foi o primeiro casamento de Polemon I que não tinha filhos anteriores e este foi o segundo casamento de Dínamis que tinha então 50 anos e um filho, Aspurgo. Não obstante, nada acontecia sem o placet de Roma. Agripa indicou Polemon para se tornar o novo rei do Bósforo e com isso rei do Ponto e da Cólquida. Como Dínamis e Polemon estavam casados, o que era um laço de aliança política, e os dois soberanos governavam um grande reino cliente do Império Romano, o imperador Augusto confirmou a ação de Agripa. Entretanto, Dínamis, que não se conformou de bom grado com o casamento, organizou um exército composto principalmente de sármatas para derrubar e matar seu marido. Fracassando em seu intento, Dínamis exilou-se na Cólquida. O casal real não teve filhos e cerca de 3 anos depois Dínamis faleceu (14 a.C.). Após a morte de Dínamis, Polemon I casou-se com Pitodorida do Ponto e através dela teve dois filhos e uma filha. Polemon I estendeu o Reino Bosforano até o rio Tanais. Ele morreu em 8 a.C., Aspurgo, filho de Dínamis com Asandro, o sucedeu.
Moeda do reinado de Dínamis
Dínamis foi uma rainha notável que tinha um espírito altivo e independente, mas com a astúcia e adaptabilidade à nova ordem trazida pelo Império Romano. Não obstante, não renegou suas origens e laços familiares muito menos sua realeza. As moedas de seu reinado trazem a inscrição em grego ΒΑΣΙΛΙΣΣΗΣ ΔΥΝΑΜΕΩΣ (basilisses dynameos, ou seja, “da rainha Dínamis”. Dínamis dedicou uma lápide a um homem sármata chamado Matian, filho de Zaidar. Na lápide se mostra um cavaleiro com um arco e uma aljava. Durante a terraplenagem em Kerch em fevereiro de 1957, uma inscrição em grego foi encontrada e relacionada à Dínamis. Nessa inscrição, Dínamis honra a sua ascendência real pôntica: "Ύπὲρ βασιλίσσης Δυνάμεως φιλορωμαίου, τῇς ὲκ βασιλέως μεγάλου Φαρνάκου, τοῦ ὲκ βασιλέως Μιθραδάτου Ευπάτρος ... Por [decisão] da Rainha Dínamis Philoromaios, [filha] do Rei Fárnaces, o Grande, [filho] do Rei Mitrídates Eupator...”)
Relevo romano representando um cavaleiro sármata:
Dínamis honrou os sármatas dos quais descendia por parte de mãe
De Roma, Dínamis obteve o reconhecimento como governante amiga e aliada. Durante seu reinado, ela ergueu três estátuas dedicadas a ela e uma outra estátua erguida em homenagem a esposa de Augusto, a primeira imperatriz romana Lívia Drusila. Em Fanagória, Dínamis dedicou uma inscrição homenageando Augusto como “O imperador, César, filho de deus, o deus Augusto, o superintendente de cada terra e mar”. Em uma de suas estátuas se acha a seguinte inscrição: “Dinamis, filha do grande Farnaces, neta do rei dos reis Mitrídates VI Eupátor, salvadora e patrona dos gregos pônticos, amiga dos romanos”. Em outra inscrição, Dínamis se chama uma imperatriz e amiga de Roma. Esta inscrição revela suas ambições políticas que ajudaram a manter seu reino e seu trono. No templo da antiga deusa grega Afrodite, Dínamis dedicou uma estátua de Lívia. Uma inscrição na estátua de Lívia, ela échamada de imperatriz e benfeitora de Dínamis. As inscrições sobreviventes revelam que Dínamis teve o apoio de Lívia e Augusto e, provavelmente, ela tinha amizade com o casal imperial.
O Reino do Bósforo e o Império Romano no fim do século I a.C.


FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Dynamis_(Bosporan_queen)
http://www.hourmo.eu/22_Crimea_&_Cimmerian_Bosporus/Index_Bosporus.html

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