domingo, 6 de maio de 2012

HISTÓRIA - PARTE V

O Reino do Bósforo sob o Domínio do Reino do Ponto 
Desde a segunda metade do século II a.C., o Reino do Bósforo sofreu uma importante crise socioeconômica e política causada pelos constantes ataques dos povos vizinhos (chamados pela civilização greco-romana de bárbaros). Ameaçada a sua existência e com quase a totalidade da Crimeia sob o poder dos roxolanos, o rei Perisades V decidiu em c. 107 a. C. procurar ajuda pedindo proteção a Mitrídates VI Eupátor rei do Ponto (reino helenístico na costa norte da Anatólia) cujo exército já se encontrava na península Táurica para socorrer a cidade de Quersoneso sitiada pelos citas e roxolanos. O general pôntico Diofanto negocia a submissão do reino do Bósforo ao reino do Ponto em troca de proteção contra os bárbaros. Porém, uma rebelião cita liderada por Saumaco interrompe as negociações. Perisades é assassinado e Diofanto consegue escapar e derrota posteriormente a Saumaco. O reino do Bósforo passa para o domínio de Mitrídates.
File:PonticKingdom.png
 Mapa do Reino do Ponto: antes do reinado de Mitrídates VI (roxo escuro), depois de suas conquistas (roxo), e suas conquistas nas primeiras Guerras Mitridáticas (rosa). O Reino do Bósforo faz parte das primeiras conquistas do célebre rei pôntico.
Debaixo do domínio do Ponto, os bosforanos acabaram por se envolver nas Guerras Mitridáticas. Essas foram os três conflitos entre a República de Roma e o Reino do Ponto no século I a.C. (de 88 a 65 a.C.). Tomaram o nome de Mitrídates VI Eupátor, rei do Ponto e notável inimigo de Roma, que havia invadido a Ásia Menor em 88 a.C. e ordenado a execução de 100 mil romanos que lá viviam, incluindo mulheres e crianças, levando assim ao início da guerra. Durante a Primeira Guerra Mitridática (88-84 a.C.), o Bósforo se rebelou contra o poder pôntico em 86 a.C. , mas após o término da guerra, Mitrídates de novo impôs sua vontade sobre a região. Durante estes anos o Bósforo foi governado por representantes de Mitrídates, até que na Segunda Guerra o Mitridática (83-81 a.C.), os bosforanos se revoltaram uma segunda vez. Depois de restaurar a sua autoridade, Mitrídates VI fez de Macares, seu filho mais velho, rei do Bósforo no ano de 82 a.C.
Broche de ouro (séculos II-I a.C.) da região do Bósforo Cimeriano
Em 66 a.C. durante a Terceira Guerra Mitridática (75-63 a.C.), após as sucessivas derrotas pônticas para as legiões romanas comandadas por Cneu Pompeu, Macares se aliou aos romanos provocando a ira de seu pai, do qual acabou fugindo por medo e queimando tantos navios quanto podia para evitar ser capturado, mas finalmente foi alcançado e morto. Durante a campanha de Pompeu na Judeia, Mitrídates recuperou algumas de suas posses no Ponto, e planejava levar a guerra para a própria Itália, com a ajuda das tribos bárbaras hostis a Roma. Ante a superioridade naval romana, o Rei iniciou a marcha por terra com suas melhores forças, aproximadamente 36.000 homens, tendo que contornar o Mar Negro. Passando pelos territórios do Bósforo, o ânimo do seu exército decaiu progressivamente ante tão vasta região. Houve deserções para o lado romano, como a feita pelo contingente responsável por escoltar as princesas prometidas em casamento para os dinastas citas, as quais foram entregues a Roma. No dia anterior à partida para a Itália, todo o exército se amotinou contra Mitrídates liderados por seu filho Fárnaces II. Panticapeu, a cidade onde ele morava, se juntou a Fárnaces, que foi proclamado rei, contra Mitrídates. Sem apoio, Mitrídates se matou (63 a.C.) antecipando sua eminente execução ou pelos bosforanos sublevados ou pelos romanos.
Ruínas de Panticapeu, antiga capital do Bósforo Cimeriano, em Kerch, Ucrânia.

O Reino do Bósforo sob Fárnaces II 
  Fárnaces enviou uma embaixada a Pompeu com a apresentação de propostas e dos reféns, junto com o corpo de seu pai. Este último aceitou a oferta de  Fárnaces e o apoiou para ser o rei do Bósforo, nomeando-o amigo e aliado de Roma. Provavelmente visando fortalecer seus vínculos com Roma, segundo o historiador romano Apiano (95-165 d.C.), Fárnaces teria oferecido sua filha, Dínamis, em casamento a Júlio César, que rejeitou a proposta. Posteriormente, Fárnaces atacou e conquistou em 49 a.C. a cidade de Fanagória, que não estava sob o domínio do Reino do Bósforo. Isso foi uma violação dos acordos com Pompeu, mas o fato não chamou a atenção de Roma, que então estava envolvida com a eclosão da Segunda Guerra Civil da República Romana (49-45 a.C.) que opôs Júlio César e aliados a Pompeu e aliados. Dada a falta de resposta romana e da pouca oposição, Fárnaces deixou Asandro como regente do Bósforo e continuou sua campanha expansionista invadindo a Cólquida e o Reino da Galácia em 47 a. C.
Ruínas de Fanagória, península de Talman, Ucrânia
O rei da Galácia, Dejotaro, vassalo de Roma, apelou para o lugar-tenente de César na província da Ásia, Domício Calvino. Fárnaces enfrentou rapidamente as forças romanas provinciais derrotando-as. Animado por sua vitória, sentiu-se confiante e invadiu outros territórios do antigo reino de seu pai, o Ponto e parte da Capadócia. César teve notícias dos acontecimentos no Egito e começou a marcha para o Ponto para enfrentar Fárnaces. A batalha entre as tropas de César e as do Ponto ocorreu ao norte da Capadócia, perto da cidade de Zela. O confronto resultou rapidamente em uma vitória romana. Após a campanha, Júlio César proferiu suas palavras famosas no Senado: Veni, vidi, vici, aludindo à forma como rapida e completamente alcançou a vitória.
Os domínios de Fárnaces II (Reino do Bósforo, Cólquida e o Ponto) e a
marcha de César e o local da batalha de Zela
Fárnaces rapidamente fugiu para o Bósforo, onde reuniu uma pequena força de citas e sármatas, com a qual ele foi capaz de recuperar o controle de algumas cidades. No entanto, ele enfrentou Asandro, e durante o cerco de uma cidade, morreu. Dínamis, a filha mais velha de Fárnaces, o sucedeu no trono, e se casou com Asandro (47-17 a.C.). César nomeou Mitrídates II de Pérgamo como rei do Bósforo Cimeriano e o enviou contra Asandro e Dinamis, derrotando-os temporariamente. Após a morte de César (44 a.C.), nos anos seguintes, marcados pela instabilidade política em Roma, Dínamis e Asandro foram reentronizados por César Augusto, o sucessor de Júlio César e primeiro imperador romano
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O Reino do Bósforo no contexto internacional em c. 40 a.C.
FONTES: http://es.wikipedia.org/wiki/Reino_del_B%C3%B3sforo#Periodo_p.C3.B3ntico http://www.wildwinds.com/coins/greece/bosporos/kings/asander/i.html http://osreisdoponto.blogspot.com.br/2009/02/farnaces-ii-63-47-ac.html http://en.wikipedia.org/wiki/Bosporan_Kingdom

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