Tibério Júlio Mitrídates Filogermânico Filopátris foi um rei do Reino Bósforo. Também é conhecido como Mitrídates III do Bósforo, pois antes dele outros dois reis chamados Mitrídates governaram o reino: Mitrídates VI do Ponto (107-63 a.C.) e Mitrídates de Pérgamo (47-44 a.C.). Mitrídates foi o primeiro filho dos reis bosforanos Aspurgo e Gepepiris. Seu irmão mais novo foi o futuro rei Cótis I. Por parte de pai, Mitrídates era descendente do grande rei do Ponto e do Bósforo Mitrídates VI Eupátor bem como tinha ascendência sármata por parte de sua avó, Dínamis. Por parte de mãe, Mitrídates era descendente da casa real dos sapeanos que governava a Trácia bem como do triúnviro romano Marco Antônio. Desde o rei Mitrídates de Pérgamo (47 a.C.), oreino do Bósforo era um Estado cliente (vassalo) do Império Romano. Quando Aspurgo morreu em 38, Mitrídates tornou-se governante conjuntamente com sua mãe, Gepepiris. Algum tempo antes de 45, o imperador romano Cláudio concedeu a Mitridates governar sozinho o Reino do Bósforo, reconhecendo-o e nomeando-o como o legítimo rei. Mitrídates, além de adotar os prenomes Tibério Júlio como seu pai, adotou o sobrenome Filogermânico (amigo de Germânico) em homenagem ao imperador Cláudio que tinha o sobrenome Germânico. Adotou também o epíteto Filopátris, o que ama a pátria.
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| Moeda bosforana com as efígies de Mitrídates e sua mãe Gepepiris |
Em 45, por razões desconhecidas, Cláudio, depôs Mitrídates do trono do Bósforo e substituiu-o por seu irmão mais novo Cótis I. Cláudio retirou a guarnição romana sob Aulo Dídio Galo do Reino Bósforo, mas algumas poucas coortes romanas foram deixadas com o cavaleiro romano Caio Júlio Áquila no reino. Mitridates não se conformou com a situação e tentou recuperar o seu trono contando com a inexperiência e juventude de Cótis e o número reduzido de soldados romanos. Mitrídates conseguiu uma coligação com várias tribos locais e desertores para serem seus aliados bem como formar um exército para declarar guerra à Cótis I e Áquila. Ele expulsou o rei dos dandáridas e tomou seu o país, perto da Cólquida. A ele se aliou ainda Zorsine, rei dos siraces, tribo sármata. Quando Cótis I e Áquila souberam do conflito que se avizinhava, temeram que a invasão fosse iminente. Também buscaram apoio nas tribos locais, conseguindo suporte de Eumones, chefe dos adorsos.
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| Moeda do reinado de Mitrídates III com sua efígie e uma clava coberta com pele de leão entre uma aljava e um tridente |
Em seguida, o exército avançou na formação regular, com os adorsos na parte traseira, enquanto que o centro foi reforçado pelas coortes e as tropas nativas do Bósforo com armas romanas. Os exércitos de Mitrídates enfrentaram os exércitos Cótis e Áquila, os quais foram vitoriosos. Assim que o inimigo foi derrotado, e chegaram a Soza, uma cidade da Dandárica, que Mitrídates havia abandonado, onde pensava-se conveniente deixar uma guarnição. Em seguida, eles marcharam sobre os siraces e depois de atravessar o rio Panda sitiaram a cidade de Uspe. Os sitiados enviaram uma embaixada pedindo misericórdia para os nascidos livres e oferecendo dez mil escravos. Como teria sido desumano matar os prisioneiros, e muito difícil mantê-los sob guarda, os conquistadores rejeitaram as ofertas e preferiram que perecessem pela guerra. A destruição de Uspe causou grande temor nos adversários de Cótis e dos romanos, que desistiram de continuar a enfrentá-los. Zorsines, considerando a queda iminente de Mitrídates e de seu próprio reino, deu reféns como garantia e prostrou-se diante da imagem do Imperador. Isso foi consiedrado uma grande glória para o exército romano, pois tiveram uma vitória sem derramamento de sangue após uma marcha de três dias do rio Tanais (atual rio Don na Rússia). Porém, em seu retorno não tiveram tanta sorte, pois alguns dos seus navios foram levados às margens dos tauros e tomados pelos bárbaros, que mataram o comandante de um grupo e diversos outros.
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| Região do reino do Bósforo e adjacências |
Mitrídates sabia que a resistência era inútil e pretendia buscar uma reconciliação com Roma. Ele não confiava em Cótis seu irmão, que considerava um traidor e inimigo. Nenhum romano estava no local com autoridade suficiente para garantir-lhe qualquer promessa. Então ele se virou para Eunones, que não tinha animosidade pessoal contra ele, e tinha recentemente reforçado sua aliança com os romanos. Adaptando suas vestes tanto quanto possível à sua condição atual, Mitrídates atirando-se aos pés de Eunones, exclamou: "Mitrídates, que os romanos têm procurado tantos anos por terra e mar, está diante de você por sua própria escolha. Lide como quiser com o descendente do grande Aquêmenes, a única glória que os inimigos não me roubaram." Com esse declaração Mitrídates se declarava descendente de Aquêmenes, fundador da dinastia dos Aquemênidas que fundou o Império Persa. Alguns soberanos de reinos menores da Antiguidade (como o de Comagene) se declaravam descendentes da realeza persa possivelmente para aumentar sua glória e legitimar sua dinastia. No caso de Mitrídates, ele era descendente dos reis do Ponto, os quais eram descendentes dos sátrapas (governadores) persas. Mas isso não confirma que eles pertencessem à família real dos Aquemênidas.
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| O Império Romano nos dias de Cláudio |
Enfim, a súplica de Mitrídates convenceu Eunones. Ele enviou emissários a Cláudio com uma carta. Na carta de Mitrídates para o Imperador, ele o cumprimentou e se dirigiu a ele com grande honra e respeito de um governante para outro governante. Mitrídates requisitou de Cláudio o seu perdão e o ser poupado de uma procissão triunfal ou da pena capital. Cláudio não tinha certeza de como punir ou lidar com Mitrídates, o qual foi capturado e levado por Júnio Cilo, procurador romano do Ponto, para Roma como prisioneiro. Cláudio teve misericórdia Mitrídates, embora tenha considerado que a executá-lo trouxesse mais problemas a Roma (como um levante no Bósforo). Ele foi poupado de qualquer punição capital e foi exilado. Mitrídates viveu como um monarca destituído exilado até sua morte. Ele nunca se casou nem teve filhos.
FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Tiberius_Julius_Mithridates
http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0078%3Abook%3D12%3Achapter%3D15
http://hourmo.eu/29_Regnum_Bosporanum/Mithradates_III/1409_Mithradates_AE.html
http://www.roman-empire.net/maps/empire/extent/claudius.html
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