quinta-feira, 17 de maio de 2012

SÁTIRO I (433-389 a.C.)

Sátiro I (? - 389 a.C) foi governante do Reino Bosforano de 433 a 389 a.C. e deu impulso a expansão territorial de seu pequeno domínio. Ele era filho de Espártoco I, fundador da dinastia dos Espártócidas. Tendo em vista a escassez das fontes, o historiadores têm reconstituído o período posterior a Espártoco I como um governo conjunto entre Seleuco e Sátiro. Como Diodoro Sículo afirma claramente que Sátiro era filho de Espártoco, mas quanto a Seleuco informa apenas que esse o sucedeu, tem se pensado por alguns historiadores que Seleuco na verdade era um usurpador e teve que compartilhar o poder com o legítimo herdeiro, Sátiro. O fato é que governaram conjuntamente por quarenta anos, e quando Seleuco faleceu em 393, Sátiro continuou o governo sozinho. O governo de Sátiro marca o período inicial da expansão do Reino Bosforano. Ele conquistou a cidade de Ninfeu (Nymphaion). A cidade de Fanagória era sua capital na porção asiática do Bósforo cimeriano.

File:Nymphaion.Crimea.Excavations.jpg
Ruínas de Ninfeu

Sátiro e Atenas
Sátiro manteve estreitas relações com a cidade de Atenas, a úncia cidade a quem concedeu a exportação de trigo. Atenas honrou Sátiro erguendo uma estátua em sua homenagem. muitos cidadãos atenienses foram enviados para residir na corte de Sátiro bem como distintos cidadãos bosfaranos foram enviados a Atenas para serem instruídos no melhor da cultura helênica. Nesse contexto se deu o incidente com o filho de Sopeu (Sopaios). Sopeu, era um importante ministro seu e governava uma provícia. Porém, os inimigos de Sopeu tramaram contra ele, o qual caiu em desfavor do rei sendo encarcerado. Sátiro, temendo que o filho de Sopeu estivesse conspirando com o pai, mandou que esse regressasse de Atenas junto com todos os seus bens. Porém, o filho de Sopeu tramou junto com o inescrupuloso banqueiro ateniense Pasião para negar a existência do dinheiro de Sopeu depositado em seu banco, o que convenceu os agentes do rei do Bósforo. Quando Sopeu foi restaurado ao favor do rei, que reconsiderou sua posição uma vez que Sopeu havia conduzido os exércitos bosforenos vitoriosamente na Ásia, o filho do ministro bosforano tentou reaver  o dinheiro com Pasião. Este o negou e se a trama deles fosse revelada, colocaria o filho de Sopeu em maus lençóis com o rei Sátiro. O incidente teve repercussão em Atenas onde o orador Isócrates proferiu um discurso (Trapezítica) contra as práticas de Pasião.
Atenas

Sátiro e Sinda
O historiador militar Polieno, do século II d.C., em sua obra Stratagemata relata que Sátiro se envolveu com certo Hecateu (Hecataios), rei da cidade de Sinda (posterior Gorgipia, Portus Sindicus e atual Anapa na Rússia). Os sindos (grego antigo: Σινδοί, Sindoi) eram um antigo povo que vivia na costa sudoeste do Mar de Azov, na Península de Taman, e na costa adjacente do Ponto Euxino (Mar Negro), na região denominada Síndica. Esta região se entendia entre as atuais cidades de Temriuk e Novorossiysk, na Rússia. A esposa de Hecateu era Tirgatao da Meótida, filha do rei dos ixomatas, povo situado próximo ao Mar de Azov. Sucedeu que Hecateu foi expulso de seu reino e foi restabelecido por Sátiro, o qual deu-lhe sua filha em casamento. Porém, o rei bosforano pediu que Hecateu matasse sua esposa. Como o rei dos sindos era muito apaixonado por Tirgatao, em vez de matá-la, confinou-a num castelo fortificado, do qual, no entanto, ela conseguiu escapar.
File:Sindi.Warrior.jpg
Estátua representando um guerreiro sindo
Temendo que Tirgatao instigasse os meotas à guerra, Hecateu e Sátiro procuraram com afinco capturá-la, mas a rainha habilmente os iludiu, viajando por caminhos solitários e desertos, escondendo-se na mata durante o dia, e continuando sua jornada à noite. Finalmente ela chegou ao país do ixomatas, onde sua família governava. Seu pai estava morto, e ela depois se casou com seu sucessor no reino. Eles instigaram os ixomatas para a guerra, e engajaram muitos povos guerreiros ao redor do Lago Meótida para formarem uma a aliança contra sSátiro e Hecateu. Os confederados primeiro invadiram o país de Hecateu, e depois devastaram os domínios de Sátiro. Acossados pela guerra, em que se encontravam em número inferior ao do inimigo, eles enviaram uma embaixada para pedir a paz, acompanhada por Metrodoro, filho de Sátiro, que foi oferecido como refém, como garantia. Ela concedeu-lhes paz, nos termos estipulados, sendo obrigados por juramento a observá-los. 
Vista aérea de Anapa, onde outrora havia a cidade dos sindos, Sinda
Porém, Sátiro esquematizou um plano para derrubar a rainha ixomata. Sátiro simulando estar em conflito com dois de seus amigos, eles “fugiram”, e colocaram-se sob a proteção de Tirgatao, para assim como maior facilidade encontrar uma oportunidade de assassiná-la. Sátiro escreveu uma carta, pedindo a Rainha que eles lhe sejam entregues, ao que ela respondeu, alegando que a lei das nações justificavam proteger aqueles que haviam se colocado sob a sua proteção. Os dois homens, que haviam se revoltado, um dia solicitaram uma audiência com ela. Enquanto um a distraía com uma questão de pretensa importância, o outro preparando um golpe com sua espada, a qual, deixou cair de sua cintura; os guardas imediatamente os prenderam. Eles foram posteriormente inquiridos por meio de tortura, e confessaram toda a trama. Diante disso, Tirgatao matou o filho de Sátiro, Metrodoro, que ainda era refém da rainha e seus homens assolaram os territórios de Sátiro com fogo e espada.
Representação moderna de Tirgatao por Boris Utizhev
Segundo o relato de Polieno, Sátiro, incomodado com remorso pelas calamidades que ele tinha trazido sobre si e seu país, morreu em meio a uma guerra vencida, deixando seu filho Gorgipo para sucedê-lo no trono. Ele renunciou às atitudes de seu pai, e suplicou por paz, que Tirgatao concedeu mediante o pagamento de um tributo, e deu um fim à guerra. Sabe-se no entanto, que Sátiro, foi sucedido por Leucon I e que a cidade de Hecateu, Sinda, posteriormente veio a se chamar Gorgipia. Portanto, pensa-se que Gorgipo tenha governado a porção asiática do reino do Bósforo, a região dos sindos, como regente ou correi de Leucon I.

Sátiro e Teodósia
Segundo Diodoro Sículo, Sátiro morreu quando certo Demostrato foi nomeado arconte de Atenas, isto em 389 a.C. Sua morte se deu quando assediava a cidade de Teodósia (atual Feodosiya), que era uma importante rival comercial, haja vista que seu porto ficava livre de gelo no inverno e estava próxima dos campos de cereal da Crimeia. Fernando Patxot y Ferrer conta em sua obra Los Héroes y las Grandezas de la Tierra que, segundo o geógrafo antigo Estrabão, Sátiro foi um dos mais poderosos reis do Bósforo, e que nos dias desse autor (c. 64 a.C. - 64 d.C.) podia se ver o magnífico túmulo que seus súditos construíram para ele.
Atua Feodosiya na Ucrânia, a antiga Teodósia 

FONTES:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Satyros_Ier
http://en.wikipedia.org/wiki/Satyrus_of_Bosporus
http://fr.wikipedia.org/wiki/Gorgippos_du_Bosphore
http://en.wikipedia.org/wiki/Tirgatao
http://jurthasan.chat.ru/boris11.htm
http://http://books.google.es

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