terça-feira, 1 de maio de 2012

HISTÓRIA - PARTE I

O Reino Bosforano ou o Reino do Bósforo Cimério foi um  Estado da Antiguidade localizado no leste da Crimeia e na Península de Taman, às margens do Bósforo Cimério (atual Estreito de Kerch na Ucrânia) e compreendia a atual península da Crimeia e a região em torno do Mar de Azov e do Golfo de Karlinitsk, todos na atual Ucrânia. Sua capital era Panticapeia, atual cidade de Kerch na Ucrânia, uma antiga colônia grega. Foi o primeiro estado não-grego que verdadeiramente se "helenizou" no sentido de que uma população miscigenada adotou a língua e civilização gregas. O célebre geógrafo Estrabão (63 a.C. - 24 d.C.), autor  de Geographia,  é a  principal fonte escrita sobre o Reino do Bósforo, ressaltando-se que nasceu no Reino do Ponto, país que tinha estreitas ligações com o Bósforo. Os outros relatos da Antiguidade são poucos e imprecisos. No entanto, o testemunho das ruínas de suas cidades e inúmeros artefatos acrestam mais dados que permitem conhecer mais da história desse reino singular.
Bosporan Kingdom growth map-fr.svg
O Reino do Bósforo
 O nome Bósforo vem do grego Bósporos (Βόσπορος) formado a partir da junção de duas palavras: Bos = 'boi' e poros = 'passagem de transporte'. Esse nome era dado  a  braços de mar tão estreitos que era possível um boi atravessá-los a nado. Esse nome foi dado inicialmente a um estreito (atual İstanbul Boğazı na Turquia) que liga o Mar Negro ao Mar de Mármara e marca o limite dos continentes asiático e europeu na Turquia. A referência à “passagem de boi” vem mitologia grega que contém a história de Io, jovem amada por Zeus, transformada por ele em boi, e perseguida por uma mosca sugadora de sangue enviada por Hera, ciumenta esposa do deus supremo dos gregos.
Kerch strait 1
O estreito de Kerch (foto de Brian McMorrow)
 O nome foi posteriormente aplicado ao Estreito de Kerch que liga o Mar Negro ao Mar de Azov (chamado na Antiguidade de Lago Meótida). Os gregos chamavam o estreito de İstanbul Boğazı  de Bósforo da Trácia e o chamavam o estreito de Kerch de Bósforo Cimeriano. Há também o fato de que os gregos chamavam uma área perto do estreito pelo nome de Quersoneso Trácio, conhecido nos dia de hoje como Gallipoli (em turco: Gelibolu), e chamavam  península da Crimeia de Quersoneso Cimeriano (por causa dos cimerianos que ali viviam), que corresponde à Península da Crimeia, também conhecida na antiguidade greco-romana como Quersoneso Táurico (por causa da tribo dos tauros que ali vivia). A palavra ‘quersoneso’ significa ‘península’ em grego. 
Acima assinalado, o atual Estreito de Kerch, entre a Ucrânia e a Rússia
Embora tivesse certa prosperidade, sua extensão e importância estratégica não foram  atraentes aos grandes conquistadores da Antiguidade. O Bósforo Cimeriano não é mencionado nas partilhas das conquistas de Alexandre, o Grande, (356-323 a.C.).Os séculos I e II foram um período de uma nova era dourada do Estado Bosforano. No final do século II, o Rei Sauromates II infligiu uma derrota fundamental sobre os citas e incluiu todos os territórios da Criméia na estrutura de seu reino. O relacionamento e a proximidade com o citas (antigo povo iraniano de pastores nômades equestres) propiciou a uma significativa influência na cultura e arte das colônias gregas na costa norte do Mar Negro, bem como foi um fator de instabilidade por causa dos contínuos ataques feitos pelos citas. Incapaz de se defender contra esses ataques, o Reino teve que se submeter a um protetorado do Reino do Ponto, na Ásia Menor. Em seguida, os citas foram deslocados pelos sármatas, que continuaram a atacar as cidades gregas, por isso, eventualmente, o Reino Bosforano, para garantir a sua sobrevivência, se  tornou um Estado cliente ou satélite do Império Romano (isto é, nominalmente independente, mas subordinado de fato à vontade de Roma).
Nesse mapa que retrata o Império Romano em 117 d.C. (em seu apogeu territorial),  vemos
 o Reino do Bósforo (Regnum Bospori) assinalado como um Estado cliente (client states)
A prosperidade do Reino Bosforano foi baseada na exportação de peixe, trigo e escravos, e este comércio favoreceu uma classe cuja vistosa riqueza ao longo dos séculos ainda está sendo descoberta, muitas vezes ilegalmente, a partir de numerosos túmulos conhecidos como kurgans. As cidades prósperas do Bósforo deixaram extensos vestígios arquitetônicos e esculturais, enquanto os kurgans continuam a mostrar espetaculares objetos greco-sármatas, cujos melhores exemplos estão agora preservados no Museu Hermitage em São Petersburgo, Rússia. Estes incluem trabalhos de ouro, vasos importados de Atenas, terracotas grosseiras, fragmentos têxteis e amostras de marcenaria e marchetaria. O Reino Bosforano foi o mais longo reino cliente dos romanos a sobreviver. Ele sucumbiu ante as invasões dos ostrogodos e os hunos no IV século. 
Lécito (vaso grego destinado a conter azeite perfumado) em
 forma de esfinge originário do Reino do Bósforo (século V a.C.)

FONTES: 
http://en.wikipedia.org/wiki/Bosporan_Kingdom 
http://fr.wikipedia.org/wiki/Royaume_du_Bosphore 
http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3sforo
http://invirtus.net/in/story.php?title=Desastre-ambientalPetroleiro-russo-parte-se-ao-meio-e-derrama-toneladas-de-combust%C3%ADvel-no-mar-Negro
http://es.wikipedia.org/wiki/Reino_del_B%C3%B3sforo
http://books.google.es/books?id=qRJFAAAAYAAJ&dq=b%C3%B3sforo+cimmeriano&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s
http://www.sochi-travel.info/articles/ukraine-wants-a-bridge-between-crimea-and-taman/

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